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eu queria falar, resolvi abrir este blog porque achei que tinha na cabeça coisas que deveriam ser ditas a um público maior do que o meu Ego, que deveriam ser faladas abertamente; no entanto, me deparo agora com esta tela branca e nada, exatamente nada, me passa pela cabeça! e sempre achamos que temos algo para falar, não é? (calma aí, eu também quero falar...) (inscrições para falar!) (momento certo para falar) (falar bostas!) acho que falamos demais, acho que tudo o que temos feito em décadas é falar. não sei o quanto mais quero falar; às vezes, quero é muito mais ficar quieto; mas ninguém abre um blog para ficar quieto... as pessoas que passarem por aqui quererão ver algo, consumir alguma coisa ou todas as minhas coisas... então, pessoal, este é o blog. consumão (e sumão)!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Tarnation: sua melhor criação é a vida que você leva.


A grande divulgação nos cadernos culturais do ZH sobre o filme do americano Jonathan Cauoette, Tarnation, com certeza surtiu efeito, pois as filas para ambas as sessões comentadas pelo próprio autor foram imensas. Um ar super underground carecterístico do povo mais envolvido com estas amostras especiais da sétima arte também tomou conta do espaço e conferiu aos presentes (principalmente aos que conseguiram entrar para assistir, lógico!) uma sensação gostosa de oportunidade única e bem cult.
Lá no escurinho, no entanto, Cauoette não decepcionou. A trama é a história da sua própria vida perturbada por dramas familires que lhe causaram disturbiosemocionais inrreversíveis. O filme, que é basicamente uma compilação de emocionantes cenas pessoais gravadas desde sua infância, mais uma montagem atual em que narra a busca pela mãe, a vida em NY, e o relacionamento estável com David, cativa por sua simplicidade e ousadia. Posicionado perigosamente em cima da tênue linha que separa auto-exposição de narcisismo, o filme pode ser chamado de simples por que não tem outros efeitos senão aqueles disponibilizados pelo software usado por Jonathan para compilar e talentosamente organizar imagens, fotos e relatos; e ousado por que estes relatos, estas fotos e estas imagens são na maior parte do filme tão chocantes, e até certo ponto revoltantes, que a simbiose sobre a dor e a vitória do autor por parte dos seus expectadores é inevitável. É como sentir o que não se sente, já dizia Fernando Pessoa.
Por exemplo, há uma cena do filme – cabe aqui dizer autobiográfico - em que Jonathan diz a sua mãe e ao seu avô que eles são uma experiência que não deu certo."Fomos cobaias do sistema!", diz ele sobre suspeitas de que Renée teria sido usada inescrupulosamente para testes da então moderna terapia com electro-choques. Dada esta e outras peripécias pelas quais a família, especialmente Jonathan e sua mãe Renée, passaram, realmente se vê que eles não estão dentro dos padrões usualmente vendidos de American Dream. E tudo é real, é autobiográfico e cru.
Por isso, talvez, Tarnation arranque lágrimas mesmo de um crocodilo até chegar a hora do "the end" . Pois é difícil não se identificar com uma ou outra frustação ou injustiça, ou até mesmo transgressões e aventuras protagonizadas por Jonathan ou sua mãe. No entanto, o ponto alto mais alto do filme-documentário de Cauoette se descobre quando as crises da família e suas inevitáveis feridas doloridas ganham o segundo plano e dão espaço à vitória dessa dupla, John e Renée, que finalmente experienciam morar juntos e cuidar um do outro como mãe e filho. Neste final surpriendentemente feliz ainda há lugar para David – o namorado - e o pai de John, que por sinal nunca soube da existência de um filho até pouco tempo antes do fim da montagem do filme - respectivamente.
O que? Tarnation: your greatest creation is the life you lead. (USA, 2003)
Atores:
Jonathan Caouette – Jonathan Caouette
Renee LeBlanc– Renee LeBlanc
Rosemary Davis – Rosemary Davis
Adolph Davis - Adolph Davis
Quando? exibido nos dias 23, 24 e 27 de Maio de 2007 na sala P.F. Gastal. Porto Alegre/RS


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